quarta-feira, 2 de abril de 2014

Descaso com a Educação


Assembleia Extraordinária Urgente e Decisiva


Para comemorar o golpe, governo catarinense demite professores!

Por Eduardo Perondi

No dia em que demos uma aula sobre os 50 anos do golpe civil-militar no meio da rua, o governador Raimundo Colombo brinda a ditadura.

Não bastava ter enviado dois interventores para administrar a escola e tentar desmobilizar a comunidade, era preciso dar um golpe contra os educadores. Puniram todos da escola com faltas sem justificativa. Apesar de todos estarem trabalhando. A escola está sem aulas porque pais e alunos decidiram em várias assembleias não iniciar o ano letivo sem condições dignas e vagas para todos.

Os professores acataram essa decisão e agora sofrem um duro golpe. Começaram pelos mais frágeis, como sempre. Os temporários (ACT’s), que possuem um vínculo descartável com a educação. Só servem se estiverem dentro da sala de aula, e quando estas terminam são chutados. Não podem reclamar, nem de ter que mendigar vagas todo ano em sessões humilhantes nem da possibilidade de serem exonerados a qualquer momento durante o ano. Quando há paralisação, sofrem com assédio moral, ameaças e demissões. É o que ocorre na nossa escola. Também exoneraram professores que completavam carga horária na escola.

Os professores efetivos têm um pouco mais de proteção jurídica, mas provavelmente já estão sofrendo processos administrativos para também serem demitidos. A escola, que está sem funcionar porque o governo enrola há 4 anos para entregar o prédio novo, está ficando também sem seus professores.

Mas ainda possui muitos pais e alunos. E o governador Raimundo Colombo não tem como demiti-los. Estes têm dado um lindo exemplo de luta pelo direito à educação. Têm se negado a aceitar promessas, maquiagens e migalhas de um governo omisso e mentiroso. Os pais que se recusaram a mandar seus filhos para a escola abandonada (mesmo quando os interventores ligaram e divulgaram mentirosamente que estava tendo aula) não vão admitir que os professores sejam culpados por defender os interesses de seus filhos. Os estudantes irão novamente para a rua porque sabem quem está do seu lado e que o governo é o responsável pela precariedade da educação que recebem.

Não é apenas ironia da história que fosse justo no dia da ditadura. Assim como os brasileiros recordam do golpe dado por militares a mando de grandes empresários em 1964, o governo de Santa Catarina também faz questão de lembrar a data. E o faz através da repetição da repressão. Não deixaremos passar todo esse autoritarismo Sr. Raimundo Colombo!

A lição que fica, passados 50 anos do golpe, é de que a democracia quando exercida de fato pela população se torna um problema. Para o governo, torna-se uma impossibilidade. Mas é aí mesmo que fica evidente o quanto ela é importante.

Pela imediata readmissão dos professores!
Fora interventores!
A comunidade decide!

sexta-feira, 28 de março de 2014

Nota Pública: a comunidade não aceita mais promessa


Mais uma assembleia, a segunda em um mês e a terceira significativa. Dessa vez, mais de 300 pessoas. Em pauta, novamente as condições para o início do ano letivo na EEM João Gonçalves Pinheiro, calendário escolar, intervenção na escola.
Em fevereiro, a comunidade indignada decidiu não começar as aulas na escola velha, que apresenta problemas estruturais graves e não oferece vagas suficientes para todos os jovens da comunidade – pelo menos 70 adolescentes de 13-15 anos estão matriculados no período noturno (o que é proibido pelo Estatuto da Criança e Adolescente). Alguns ainda aguardam vaga na lista de espera.

O obra da nova escola está 4 anos atrasada. No mês passado, o Secretário da Educação Eduardo Deschamps e o Secretário de Desenvolvimento Regional Clonny Capistrano prometeram a entrega para o dia 20 de Março. Mais uma vez não cumpriram o prazo. O edifício está praticamente concluído, já em melhores condições que o antigo.
Por respeitarem a decisão de pais e alunos, professores têm sido ameaçados de demissão. A direção foi exonerada. Para o seu lugar, a SED enviou dois INTERVENTORES para administrar a escola. Estes têm promovido assédio moral contra os educadores. Ameaçam dar falta para quem não der aulas, proíbem a utilização da secretaria, telefone e equipamentos da escola, estão ligando para a casa dos alunos dizendo que as aulas já começaram, não queriam nem emprestar as cadeiras da escola para a realização da assembleia, dificultando o acesso dos funcionários aos materiais disponíveis para a realizações das práticas pedagógicas.

Após a discussão, a Assembleia deliberou:

1 – pela saída imediata dos interventores;
2 – elegeu uma direção temporária para a escola, composta por professores que atuam há anos nesta unidade e comprometidos em respeitar a decisão comunitária;
3 – decidiu pelo início das aulas na nova escola no dia 1º de Abril;
4 – formou o Conselho Deliberativo da unidade, composto por trabalhadores da escola, pais e alunos.

O governo tem a obrigação de garantir vagas para todos na escola pública. E não pode ser na base do improviso. Os filhos de trabalhadores têm garantia constitucional da qualidade de ensino. Qualidade esta, que não se resume só a questões estruturais, mas, também, a garantia de uma educação fundamentada nos princípios da liberdade, da igualdade e da democracia, estes, caros, para a manutenção de nossa república.

A Comunidade Escolar da EEM João Gonçalves Pinheiro, através de suas virtudes, demonstra como a Escola Pública pode transformar a sociedade de forma significativa. Este exemplo de compartilhamento de poder deve ser incentivado como forma de mobilização da sociedade civil organizada. Ora, o que mais preocupa as aristocracias que se perpetuam no poder desde a época do descobrimento do Brasil são os atos de resistência oriundos das classes periféricas, excluídas e exploradas.

O Movimento extrapolou as barreiras geográficas do Sul da Ilha, não é mais só por um prédio novo, e sim por uma nova forma de pensar a educação pública no Brasil.
Ante o exposto, convocamos todos aqueles que acreditam que a educação é a única forma de libertar o ser humano, a juntar-se a nossa comunidade para multiplicar estas ações de desobediência civil legítima, frente às práticas autoritárias que ainda existem em nossa pseudo-democracia.

FORA INTERVENTORES!
FORA PRÁTICAS FACISTAS E ANTIDEMOCRÁTICAS!

quinta-feira, 27 de março de 2014

Assembleia decide por início das aulas em escola nova no Rio Tavares

Uma assembleia entre pais, alunos e professores da Escola de Ensino Médio João Gonçalves Pinheiro, no Rio Tavares, na noite de terça-feira, decidiu pelo início do ano letivo em 1º de abril, porém na nova Escola Jovem do Sul da Ilha. Cerca de 720 alunos estão sem frequentar aulas em 2014 pois exigem o término da obra que está três anos atrasada.
Na reunião também foram eleitos professores da escola para ocuparem provisoriamente a direção depois que os antigos diretores foram exonerados. A Secretaria de Educação (SED) enviou novos funcionários, porém a comunidade escolar os considera interventores e não aceita a presença deles.
De acordo com o professor Eduardo Perondi, cerca de 300 pais votaram nos nomes de Sandra Sauer, Francisca Sabater e Alceu Azuma, educadores que atuam há anos na instituição:— Vamos fazer o encaminhamento para SED para formalizar as solicitações da comunidade. Foi tudo feito de forma democrática, como resposta ao autoritarismo que vem acontecendo na escola — destacou. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Todos os estudantes, professores e funcionários serão automaticamente transferidos para a nova escola. O prédio onde funciona a EEM João Gonçalves Pinheiro é emprestado pela Prefeitura, e apresenta problemas de infraestrutura. 
 
Um enterro simbólico foi realizado no 18 de março como protesto pela demora. O promotor de Justiça Miguel Luiz Gnigler chegou a visitar a instituição na última sexta-feira e recomendou que as aulas iniciassem no local provisoriamente até que a Escola Jovem Sul da Ilha ficasse pronta, porém os pais optaram por não mandar os filhos.


 
A Secretaria de Desenvolvimento Regional informou que a Escola Jovem Sul da Ilha será entregue no dia 30 de abril, mas os pais acreditam que já é possível mudar os estudantes para o local no dia 1º. O funcionário público Valmir Freitas, 59, padrasto de um aluno de 14 anos, destaca que três datas de entrega já foram prometidas só neste ano, e se não pressionarem a obra não vai acabar nunca:  
 
 
— Faltam poucos detalhes, e a maioria na área externa. A escola velha não tem mais condições, e se começar o ano lá vão demorar ainda mais para acabar a outra. Ainda mais que é ano eleitoral, vão querer entregar perto da eleição para fazer política — disse. 
 
                                                                                                                                                                    

 
Secretário da Educação diz que grupo com postura radical está prejudicando os alunos

Na avaliação do secretário de estado da educação, Eduardo Deschamps, há um pequeno grupo de professores radicais que está influenciando os pais. Ele explica que a escola João Gonçalves está em condições de receber os alunos, que estão sendo os maiores prejudicados sem estudar:

— Estamos abertos ao diálogo, acredito que não há motivo para radicalização, mas estamos acompanhando os fatos para tomar as providências legais se for necessário — disse.

Segundo ele, a Escola Jovem ainda não apresenta condições de segurança para receber a comunidade escolar e a empresa que realiza a obra é responsável pelo acesso à escola. Deschamps garantiu que a conclusão será até 30 de abril.

O secretário destaca que além dos estudantes da João Gonçalves Pinheiro, alunos da Escola Castelo Branco, no Pântano do Sul, também serão transferidos para a nova escola. Todo o processo de transferência e organização serão feitos no mês de abril.

Quanto a eleição realizada na assembleia, ele diz não ter validade, pois não segue a legislação para diretores escola. 
 

Governo fala que a escola jovem será entregue no dia 30 de abril

Informe-se:

quarta-feira, 26 de março de 2014

Carta de uma aluna ao governador


Excelentíssimo governador Raimundo Colombo,

Sou apenas mais uma cidadã do estado onde o senhor governa e por isso o senhor não irá dar valor, ou atenção para oque escrevo aqui, porém a todos que lerem é interessante ressaltar a veracidade das informações descritas logo a seguir. Era moradora do sul da ilha de Florianópolis, nossa bela capital, com lindos pontos turísticos, ótimas instalações para visitantes e péssimas para os jovens que querem estudar. Sou ex aluna da Escola De Ensino Médio João Gonçalves Pinheiro, a mais conhecida pedrita, ou até mesmo podrita. Acredito que assim como todas as vezes que o senhor é abordado pela imprensa quando falado dessa escola, o senhor não irá lembrar dela, porem eu e mais de 600 alunos, que ali estudam, ou então como eu já se formaram conhecem. Nossa situação é insustentável, a escola esta caindo aos pedaços e o dinheiro que o senhor supostamente investiu ali foi desnecessário, pois oque estamos esperando é a escola jovem do sul da ilha de Florianópolis. Pois é, segundo o seu pacto por nosso estado o senhor investiu milhões de reais ali, porem até agora não vejo nada estar pronto. O senhor sabe quando os papeis foram assinados para a escola começar a ser construída? Se não sabe agora irá saber que foi no ano de 2010. Será mesmo que uma obra, que irá substituir uma escola de estrutura precária deveria demorar mais de 4 anos para estar pronta? Não sei o senhor, mas eu ainda estudando meus direitos básicos, e um deles é educação com estrutura de qualidade, porém não é isso oque estou tendo. Não sei onde o senhor estudou, ou qual foi sua educação, mas eu estudei na EEM João Gonçalves Pinheiro, e lá eu aprendi com meus professores a lutar pelos meu direitos, não abaixar a cabeça para um governo oportuno, que se faz de bom em véspera de eleições, aprendi ainda, que com o meu estudo e esforço vou longe, quem sabe um dia eu não chegue a ocupar e não lhe de o verdadeiro exemplo de cidadania e como administrar um estado sem se preocupar apenas com meu próprio bem estar.

Atenciosamente,

Ana Paula Camilo
Estudante e cidadã que considera seu governo uma vergonha.

https://www.facebook.com/raimundocolombo/posts/260596640767839